De acordo com uma lenda africana, um antropólogo visitou um povoado com o intuito de conhecer a sua cultura e valores fundamentais. Durante a sua estadia, decidiu lançar um desafio às crianças: colocou um cesto de frutas junto a uma árvore e informou-os de que o primeiro a chegar à árvore teria direito a ficar com o cesto de frutas.
Assim que deu o sinal para que começasse a corrida em direção ao cesto, as crianças surpreenderam-no: deram as mãos umas às outras e começaram a correr juntas, chegando juntas ao prémio, que acabaram por dividir.
O antropólogo quis saber por que motivo tinham decidido agir desta forma, não tendo optado por correr separadamente, podendo, desta forma, um deles ficar com todo o cesto de frutas, não tendo de o dividir com os restantes. Uma das crianças explicou:
– Ubuntu. Como é que um de nós poderia ficar feliz se os restantes estivessem tristes?
Ubuntu é um termo antigo, da língua Zulu (pertencente ao grupo linguístico bantu), que significa “humanidade”, sendo, normalmente, traduzido como “Humanidade para os outros” ou “Sou o que sou por causa do que nós somos”. Na África do Sul, a palavra Ubuntu é parte de uma filosofia humanista, ética e ideológica também conhecida como Ubuntuísmo.
Quantas vezes, durante a nossa vida, realmente praticamos este Ubuntuísmo? Quantos de nós estão dispostos a dar as mãos, correr junto em direção ao prémio e dividi-lo? Quantas vezes assistimos a fura-filas e reinterpretações livres e criativas da ética e do abnegado altruísmo e humanismo. Quanto do eu estamos dispostos a abdicar em proveito do nós?
Sou o que sou por causa do que nós somos.
Conte comigo para lhe dar a mão e corremos juntos em direção ao prémio.