A TAP vai receber a última injeção pública de capital, no valor de 990 milhões de euros.
Por vezes, temos de nos demorar um pouco nos números, para termos uma noção mais real da sua dimensão. Com este valor, fica concluída a injeção total de 2.554 milhões de euros feita pelos contribuintes portugueses na companhia aérea. Entretanto, soube-se que a companhia tinha encomendado uma frota de 79 BMW híbridos, para os gestores de topo.
(A boa educação obriga-nos a não verbalizar tudo aquilo que nos passa pela cabeça quando temos de absorver estas notícias. Mas, sim, concordo inteiramente com aquilo que está a pensar.)
Numa outra dimensão do espectro da grandiosidade, teve lugar, na passada semana, a gala dos Globos de Ouro, uma espécie de parente pobre dos Óscares de Hollywood. Diz-se por aí que é um dos momentos mais aguardados do ano (eu gosto de pensar que, para muitos portugueses, um dos momentos mais aguardados do ano é o reembolso do IRS) e que o país pára para ver (principalmente os outfits das “celebridades”). Como não costumo assistir, no dia seguinte à gala dou por mim a fazer uma espécie resumo-dos-Globos-para totós, só para conseguir entender os comentários e as notícias que teimam em invadir o meu feed.
No entanto, não gosto de guardar esta informação só para mim. Eis o resumo possível: diz-se que a “amiga Olga” (a saudosa Olga Cardoso) encarnou na Clara de Sousa; Manuel Luís Goucha não venceu o Globo e José Eduardo Moniz disse que os júris também erram; Jessica Athayde foi à gala acompanhada de um idoso de 80 anos que, aparentemente, lhe terá também emprestado o fato que vestiu; Luciana Abreu chegou escoltada pela PSP; Luana Piovani não gostou das piadas feitas pela Joana Marques, acabando por dizer que “a moça bem pequenininha que estava vestida de Minnie foi lá tentar ganhar uns trocos a fazer piadas”.
Foi, basicamente, isto que aconteceu, mais coisa menos coisa. Vá, não precisa de me agradecer.
Para mim, o momento que realmente vale a pena ver e rever, vezes sem conta, é o discurso de Rui Nabeiro (91 anos), fundador da Delta Cafés, que recebeu o Prémio Mérito e Excelência. Continua a ser absolutamente inspirador e emocionante ouvir este homem falar.
“Se todos quiséssemos o mundo era maravilhoso, o mundo era extraordinário, mas nem sempre todos queremos. Fui caminhando e passando aos outros. A pessoa, depois de vencer, não pode dizer ‘ganhei’. Tem de ter mais cabeça, mais atitude. (…) Acabo quando Deus já não me quiser nesta terra, então nessa altura deixarei de trabalhar, mas até lá trabalho para mim, para a comunidade e para todos”, disse, de forma absolutamente desarmante, quando subiu ao palco para receber o prémio.
Perante os grandes homens, resta-nos saber ouvir e aprender. Com sorte, conseguimos deixar uma marca no mundo. “Se todos quiséssemos, o mundo era extraordinário.”
Todos os dias tento contribuir para este propósito.Se tem um imóvel para venda, fale comigo. Todos os dias são bons para fazermos algo grandioso.
Até breve!
Gustavo Sousa