Uma das minhas histórias de amor preferidas é a de Khoirul Anam, o indiano que casou com uma panela de cozer arroz, que descreveu como “justa, obediente, amorosa e boa cozinheira.” O divórcio, infelizmente, aconteceu quatro dias depois, sob alegações de que ela “só sabia cozinhar arroz”. Para a história, ficam as fotos de uma cerimónia linda, em que a radiante noiva usou, preso à tampa, um delicado véu com pormenores de renda incrustados.
Há uns anos, o outrora enfant terrible Miguel Esteves Cardoso, escreveu um livro intitulado “O amor é fod***”. Os asteriscos são meus. O Miguel usou as letras todas, sem medo.
Não tendo forma de fugir à temática que domina o dia de hoje, perguntei ao Chat GPT, o sistema de inteligência artificial que tem estado nas bocas do mundo nos últimos tempos, o que é o amor?.
Sem grande hesitação, a “máquina” respondeu que: “O amor é uma emoção complexa que pode ser descrita como um sentimento intenso de afeto e conexão profunda com outra pessoa. O amor pode ser experimentado por pessoas, animais e até mesmo por coisas ou conceitos.”
São cada vez mais frequentes as notícias de pessoas que, cansadas das outras pessoas, decidem transferir o seu amor para vegetais, personagens de ficção, animais e objetos.
Há uns anos, as manchetes anunciavam o casamento de uma americana com um molho de brócolos. Eu, confesso, prefiro os meus caramelizados com um fio de azeite, e vez de estabelecer com eles uma união em comunhão de adquiridos – mas quem somos nós para julgar a felicidade dos outros?
Ainda no início de janeiro, foi noticiado o casamento de Pascale Sellick, uma inglesa de 49 anos, com o seu edredão. Em entrevista ao programa televisivo This Morning, Pascale revelou que “foi um amor arrebatador, à primeira vista”.
Desengane-se quem pensa que o amor com objetos inanimados e personagens virtuais é um mar de rosas. Um japonês que está casado há quatro anos com uma boneca virtual, confessou recentemente estar a atravessar um período difícil no casamento por não conseguir comunicar com a mulher (quem nunca?), por causa de um problema tecnológico. Akihiko Kondo garante, no entanto, continuar apaixonado por Hatsune Miku, uma personagem fictícia da cultura pop japonesa, com quem celebrou casamento em 2018 – que lhe custou cerca de 16 mil euros e ao qual a sua família não compareceu.
O amor é um assunto delicado, independentemente dos envolvidos serem eletrodomésticos marca branca ou pessoas de carne e osso. Saibamos cuidar do amor que escolhemos viver.
Feliz Dia dos Namorados e boa semana.
Gustavo Sousa