Portugal está nos oitavos de final do Campeonato do Mundo de Futebol, que decorre naquele-país-cujo-nome-não-dizemos.
Queiramos ou não, as vitórias da nossa Seleção continuam a ser um eficaz desbloqueador de conversa. Porque isto do futebol, já se sabe, é assunto que incendeia os espíritos.
Foi o que aconteceu na Argentina, quando um pai se recusou a ir à cerimónia de graduação da filha, que aconteceu à mesma hora do jogo entre a Argentina e o México. A conversa entre os dois decorreu por WhatsApp (as conversas pessoais são tão anos 80!) e o áudio que o pai enviou à filha acabou por se tornar viral, pelo caráter desesperado do seu apelo.
“Amo-te até ao infinito e mais além, eu dou-te um rim, juro, tudo o que me pedires, mas isto não, peço-te, por favor”, apelou o pai na mensagem de voz.
A revolta do homem focou-se, também, na própria escola, que (imagine-se) teve o desplante de não adiar a cerimónia sabendo que nesse dia e a essa hora havia – já se sabe – jogo da Argentina no Mundial. “São todos loucos. Acho que é uma treta. Não tenho dúvidas de que existem idiotas em todo o mundo. Serei eu o único pai que gosta de futebol?”.
Não será certamente, digo eu, o único pai que gosta de futebol, mas será um dos poucos idiotas que faltou à graduação da filha por causa de um jogo.
Eu acredito que temos sempre algo a aprender com estas histórias curiosas sobre a espécie humana.
Eu diria que, se ainda tem rins: conserve-os.
Se tiver de os dar, ceder ou emprestar, que não seja por causa de um jogo de futebol.
Agora que estamos conversados no que a rins diz respeito, proponho-lhe algo bem menos dramático: se tem um imóvel para venda, fale comigo.
Quero acreditar que ainda tenho as minhas prioridades bem definidas.
Até breve!
Gustavo Sousa